18.6.07

Memórias de Inverno

Envolvo o corpo numa manta e furo-a com o indicador para agitar a imagem da que outrora foi uma caixa mágica...zap...zap...zap, troco-lhe as voltas, não lhe dou descanso, interrompo tudo e todos, até um simples beijo no plano preferido do cinéfilo. Amanhã descida de temperatura tão intensa que vos congelará a respiração (isto sim, seria uma conspiração meteorológica interessante e não um mero esquema informativo que se repete e que só varia entre subidas e descidas).
Arrisco...sou audaz e levo comigo uma carapaça polar. O dia ainda tem a luz apagada. As árvores de braços erguidos e pontiagudos ferem as nuvens, rasgam-nas...Caminho com cuidado, evito as folhas secas e encarquilhadas, não quero esmagar as suas memórias, não quero sentir aquele som devastador semelhante ao crepitar que elas tanto temem.
Continuo de forma lenta e cuidadosa, o sangue circula devagar. Sinto a agitação cardíaca que me impede de afastar a solidão. O frio torna-nos demasiado conscientes. Estamos tão sós e preservamos tanto o “ser individual” que não temos sobre quem escrever.
Vejo o engraxador, de rosto seco, cheio de coordenadas de uma vida difícil. Curvado e apático aguarda que alguém lhe dê um sapato...é tanto quanto ele espera, um simples sapato.
(continua....)

4 comentários:

Inês Mesquita disse...

então essa continuação ???

beijinho

Carla Seixas disse...

Tanta tristeza...tanta solidão...acho que é necessario um tonico revigorante...que tal um jantar depois da minha visita à Patria???

Miss Japa disse...

minha querida lavadeira, envio-te um sabonete em jeito de abraço escorregadio directamente destes lados do sol nascente, olhos em bico e detergentes de nomes impronunciáveis*

Anónimo disse...

Então e mais? hum?